Ao nascer chegamos no cenário da Vida, onde já está em curso um enredo, uma trama com infinidade de atores, cujos papéis estão ancorados em um passado imemoriável.Toda aprendizagem carrega então esse passado que exerce sobre o aprendiz uma coerção a fim de que ele se adapte ao enredo, se nutra dele e, por sua vez, ofereça novas variáveis, criações originais e contribuições que ajudem no projeto de humanização a que estamos destinados – visto que, diferentemente das outras espécies vivas, somos um projeto inacabado.

Os avanços neste processo são impulsionados por mulheres e homens visionários, que descortinam no humano espaços de consciência ainda não articulados, que dão voz e nome a modos de ser e estar no mundo mais significativos, justos e solidários.

Uma das contribuições emblemáticas que o século XX nos ofereceu é a vida de Gandhi, cujo legado marcou definitivamente o rumo da história, e com ela a compreensão daquilo que podemos entender por propriamente humano. Neste sentido cabe afirmar que ele foi um Pedagogo social, não só da Índia como da humanidade inteira, pois disponibilizou através de sua experiência um repertório de orientações e metodologias que visam uma ordem de convivência onde as potencialidades da cada indivíduo encontram condições favoráveis para se desenvolver de maneira saudável e digna, em outras palavras, para expressar o que de maior e melhor abriga cada um de nós.

Somos criaturas relacionais e estamos constantemente em relação. O ambiente onde nos desenvolvemos cria a paisagem interna que impulsionará ou inibirá o poder criativo da Vida, desenhando os conseqüentes padrões de comportamento, sentimentos e pensamentos. Se o meio do qual nos nutrimos foi hostil, as chances de reproduzi-lo são consideráveis. O mesmo vale se as condições forem de acolhimento, segurança e justiça.

É nesse espaço de relação, de interatividade, da pedagogia de Gandhi que encontramos o instrumental capaz que quebrar o jogo mimético a que estamos submetidos – individual e coletivamente. Nas palavras do Mahatma: “Para combater a injustiça é necessário auto-educar-se”. Isso requer, em primeiro lugar, reconhecer que qualquer situação de violação de direitos se perpetua unicamente quando há cooperação por parte dos injustiçados, que aceitam tais violações como fatalidade ou como condição natural da existência. Isto, além de descartar as possibilidades de mudança – de desenvolvimento e aprimoramento – submerge a todos na barbárie e na falta de um sentido edificante para as novas gerações.

 

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