1- Na sua opinião qual é a maior dificuldade para o estabelecimento de uma cultura de não-violência na sociedade atual?

A maior dificuldade está em vencer as resistências que gera qualquer proposta de mudança. Nossa vida anímica – em qualquer tempo e cultura – está apoiada em hábitos mentais e de comportamento que se orientam na direção de valores apresentados como relevantes e significativos por determinada sociedade. No nosso caso herdamos valores que apontam na direção da notoriedade, reconhecimento, visibilidade, consumo, poder. Os mecanismos mais imediatos para atingir essas metas são a competição, a sedução, o individualismo e todos eles geram algum tipo de violência, seja física ou simbólica.

2 – Como podemos explicar o avanço da violência em família (até ao extremo do homicídio) e que recursos práticos poderemos utilizar para evitar o acirramento de conflitos entre cônjuges, pais e filhos, irmãos? Como orientar as crianças para a cultura de paz? Se puder citar algum exemplo concreto ou história que ajude a fixar o ensinamento e a estimular o leitor à sua prática, seria ótimo.

Nas últimas décadas temos investido grandes esforços em consolidar direitos, o que foi um imenso avanço. Entretanto, temos descuidado da contrapartida: as responsabilidades. Toda convivência implica em um pacto que livremente estabelecem as partes para se beneficiar do afeto, conhecimento, diversão, segurança e possibilidades de futuro.
Esse pacto, na maiora das vezes tácito, é constituído de co-responsabilidades que, quando não se cumprem, inviabilizam a convivência.

Para evitar o acirramento de conflitos entre cônjuges, pais e filhos, irmãos, podemos propor a via do diálogo e da negociação. Há um provérbio africano que diz que “a palavra é o mais eficaz dos atos humanos”. É através dela que tomamos conhecimento daquilo que se passa na mente e no coração de outra pessoa. Se cultivarmos o recurso do diálogo poderemos dispor no seio da família de um espaço comum, onde todos podem se encontrar, não sendo necessário concordar ou aceitar, mas onde é possível ter interlocutores que se respeitem mutuamente, motivados pela busca do bem comum.

 

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