Por Mariana Iwakura, de Una (BA)*

 “O ser humano não é uma espécie acabada. Estamos participando do processo de humanização.” A frase é da argentina Lia Diskin, jornalista especialista em filosofia hindu e cofundadora da associação Palas Athena. Durante a 15a Convenção ABF do Franchising, em uma plenária mediada por Sandra Boccia, diretora de redação de Pequenas Empresas & Grandes Negócios, Lia destacou algumas mudanças que estão acontecendo na sociedade nos últimos anos. Essas alterações têm impacto direto na gestão de negócios – seja na liderança de equipes, seja no atendimento ao cliente ou até na relação entre franqueador e franqueado. Confira.

1. Democratização das relações.
Contestações antes impensáveis agora são não somente possíveis mas também quase naturais. “Sou do tempo em que ninguém se atreveria a discutir uma nota dada pelo professor e que o seio familiar era iminentemente patriarcal”, afirma Lia. Hoje, há uma democratização dos vínculos, o que é benéfico, segundo ela. “A novas gerações têm habilidades e competências que as velhas não têm. Uma criança ensina o avô a baixar um aplicativo. As novas gerações detêm habilidades que não herdaram das antigas.”

2. Diminuição do espaço privado.
Até alguns anos atrás, todos os executivos tinham escritórios individuais. Agora, há menos paredes, e o espaço do privado é menor. “As novas gerações partilham, pelos meios de comunicação, condições íntimas impensáveis 20 anos atrás”, diz Lia.

3. A ilusão das competências multitarefas.
Com o estudo do cérebro, sabe-se hoje que não é possível estar em dois campos de ação ao mesmo tempo, diz Lia. As pessoas só conseguem manter o foco de interesse em uma coisa por vez. “O que conseguimos fazer é oscilar de uma tarefa para a outra. Mas o resultado será inferior a se a pessoa tivesse se dedicado a uma coisa só. Dividir o foco nos impede de ter rapidez para uma manobra urgente.”

4. Confusão entre identidade e visibilidade.
“Hoje vivemos um momento de anonimato coletivo. Essa condição cria uma necessidade de identidade, que confundimos com visibilidade. Fazemos um esforço imenso para nos tornarmos visíveis”, afirma Lia. Em um atendimento de telemarketing, por exemplo, em que o consumidor é transferido de um atendente para outro, o cliente se sente invisível.

5. Clamor por ética, transparência e confiabilidade.
“Essa é a moeda que está faltando nos cofres”, afirma Lia. A ética, diz a professora, é a chave com a qual podemos criar espaços de convivência saudáveis e gratificantes. “Não se sustenta uma organização, uma empresa ou uma família sem pilares éticos muito claros.”

* A jornalista viajou a convite da ABF

Matéria original disponível em: http://revistapegn.globo.com