Denise Ribeiro – Palas Athena

 

“Os fins estão nos meios como a árvore na semente”, costumava dizer Mahatma Gandhi, cujos ensinamentos guiaram a trajetória de figuras notáveis do nosso tempo como Martin Luther King Jr, Nelson Mandela e Dalai Lama, que se tornaram seguidores e propagadores da não violência e da cultura de paz. O livro “Gandhi: Autobiografia – Minha Vida e Minhas Experiências com a Verdade” – que a Palas Athena Editora acaba de relançar com o apoio financeiro do Ministério da Cultura do Governo da Índia –, narra a saga empreendida pelo grande líder indiano, na construção diária desses e de outros conceitos que fundamentam seu pensamento.

É surpreendente acompanhar, na voz do próprio Gandhi, todas as dificuldades que enfrentou em sua luta de 40 anos pela independência da Índia. Ele não se furta a confessar seus tropeços, a expor suas fragilidades, envolvendo o leitor nessa fascinante aventura em busca da verdade, em que a coerência entre discurso e ação aparece como principal valor. Mestre dos paradoxos, Gandhi evitava as conclusões simplistas, os reducionismos excludentes, o senso comum que atende oportunismos sem medir consequências.

Página por página, o tímido e franzino adolescente Mohandas Gandhi vai acolhendo diferentes visões de mundo, revelando suas perplexidades, vivenciando as variadas experiências intelectuais e religiosas até se transformar no Mahatma Gandhi, o porta-voz daqueles que nunca são ouvidos e, mais tarde, num dos maiores líderes da humanidade. Gandhi nos ensina que é na experiência pessoal que a ética se revela poderosa e transformadora, que é nos desafios cotidianos onde são testadas nossas convicções e nosso caráter.

A inspiração que nos legou Gandhi abriu novos horizontes na compreensão do que seja a Paz, convidando-nos a resistir ao círculo vicioso da vingança, a compreender e acolher os diferentes, a criar espaços para o entendimento mútuo e a promover modos de vida que não alimentem o sofrimento.
O livro, nesta oitava edição, terá 2 mil exemplares – desde que foi lançado, em 1999, já circularam 21 mil exemplares. A tradução, a cargo de Humberto Mariotti, João Roberto Moris, Luciana Franco Piva, Marcos Fávero Florence de Barros e Regina Maria Gomes de Proença, foi feita diretamente da versão em inglês.